sábado, 27 de abril de 2013

Parentesco Fluvial


Plural é ser mundano
ir andando por aí
destronando reis, assoviando ao meio dia
Recusar convites é uma péssima ideia
pra quem quer viver de pé no chão
Mesmo sem um quinhão, siga numa boa
ouça o canto dos passarinhos, o esgoelar das cigarras
tão poéticas e dramáticas quanto o William
mas ele não morreu cantando
ponto pra cigarra!
Destape bueiros antes que explodam, é importante!
Segure-se no cabelos do primeiro mar que brotar no horizonte
Deixa aquele azar, o seu, ir pra bem longe
sem carona pra voltar
Não desconcentra, olha pra lá!
Olha como os homenzinhos vão de lugar em lugar
carregando coisas importantes, papéis assinados
mas são incapazes de fazer um sorriso brotar de um botão de flor.
Mostra pra eles como faz!
Descortina a realidade e chama o Descartes
e o Neo também
aposto que teriam orgulho de você!
Segue feliz
enchendo os olhos de cupcakes
e a barriga de guloseimas
coloridas, gostosas, novinhas
mas nunca deixa de lembrar de esquecer
o que você veio fazer aqui
nada, eu disse nada
além de passear
é só uma voltinha...

Cadeira Aguda


Traqueostomia deixa marca no gogó
Gente perneta pula de um pé só
Homem que faz arte, vive feliz mas cheira pó
Dona de casa dedicada só toma no fiofó
Nêga quando rebola nêgo diz que tem o borogodó
Poeminha mais sem graça, chega a dar dó
Pra dar um gostinho, joga mais camarão no bobó
Se tá sem mel, come a delícia da vovó
E deixa que os netos se enfrentem no totó
Se você gosta de bagunça, está formado o quiprocó!

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Camafeu D'eu


Vivo atras duma moça com o sorriso bonito
e não pense que é coisa louca o que vos digo
E ela tá sempre, viu?!
Todo lugar lá vai aquele janelão
feito garça de asa aberta
Fico doido por ela!
Mas não amoleço não
vê se pode, cidadão
escrever poesia,
isso é coisa de sujeito são?
Mas fazer o que, me diga
adoro aquele sorriso
por ele eu corria de biga
mas sem aquela coragem do ben hur
sou mais acanhado, gosto de ficar de longe
a onda não é ter, é ver
por isso
vivo atras duma moça com o sorriso bonito

Irrefreável


Caminho pela sombra
os dedos, em cheio
palavras mudas
escrito sem jeitos
a carne nua
sofista perfeito
a testa sua
escorre respeito
a pele tua
move nevoeiro
ação escura
a rua inunda
o verso desgruda
cai a certa altura
quebra como vaso
se entrega como prostituta
faz um estardalhaço
e finge que tá tudo bem!
eis o escárnio

Mais um pouco um muro se erguia...


Do jeito de antes era melhor
penso menos, morria mais, inventava moda?
Bobagens escritas em papel de pão
ora mordiscadas, inexoráveis, baleias e leões marinhos
Duvidava das pretensões, confiantes mais do que confidentes
os pés.
Gosto de como cheiram ao caminhar, havia muita tolice por onde passavam
os tempos mudaram, dizem os mentecaptos, dura observação
Aos poucos é como se levitasse
saísse de órbita.
Fuligem se acumula do beiral da janela
onde os sonhadores apoiam seus cotovelos
pega fogo acolá.
Sobram poucas retinas historiadoras, contadoras de causos fantásticos
os tempos mudaram.
O cataclisma se aproxima,
salvem seus corações!!!

Ato Findo


Sobe no alto do morro
do seu peito, meio torto
debaixo do torso, seu moço,
e tira a medalha de lá!
Mostre ao Sol
teu canto de rouxinol
dedilhando o arranjo
pelas linhas do violão
Agradeça o valor,
seu sorriso na cadeira,
da amizade em mesa de bar
antes de ontem, em plena quarta feira
afinada em Dó
maior
menor
menas satirfação
o cheirinho é o ó
seje noite, seje dia
a bater na guarita
seu seguro de vida
ou o cafuné de volta!
Mostra pra essa gente
como apertar o botão
e quanto é gostoso
(até então)
ser infame, soberbo
maroto e garanhão!

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Da Crase à Crise

Minha onda é ser azul
Infinito insular, anis
sentado na beira do mar
Ouvindo vozes de lá
- vem cá
Sobressalto vermelho jorra do peito
me faço só com meus cabelos
Desato os fios com as mãos de meus sonhos
Findo o ato do silêncio
oro por ouro
olhos dos outros
ossos eu ouço
roer a corda
de choro gostoso
lágrimas caem cintilantes
verbos, adjetivos e consoantes distantes
já era hora de acordar
ordem: recomeço
logo adiante
tropeçar
de novo
o tolo
mente outra
vez