quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Valverde Ventura

Eu vou me voltar
voltinhas
Vou vacilar ventos
voltinhas
Vinte vezes, vou ver
voltinhas
Veias vão voar
voltinhas
Vou me vacinar
voltinhas
Vai tudo acabar
voltinhas
Vamos todos vomitar
voltinhas
Vim ver, só para enviesar
voltinhas
Vermelho vinho, vívido
voltinhas
Viemos, vamos, voltemos
voltinhas
Véu de noiva, volúpia
voltinhas
Envolta em vídeos
voltinhas
Vasos vazios
voltinhas
Vultos e devaneios
voltinhas
Eu versus Você
Vespeiro!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Três Pernas

Singelo momento
de mover-se como o vento
feito pluma sorrir.
Ardor me vem a face
vermelho, meu disfarce
feito pluma sorrir.
Sujo de amores
experimento os sabores
feito pluma sorrir.
Com grande entusiasmo
tão inteligente quanto asno
feito pluma sirrir.
Nem grito, nem me calo
sou menino até o talo
feito pluma sorrir.
Chiste fora de ora
alegrou até quem foi embora
feito pluma sorrir.
Terceiro feto
que venha mais um neto
feito pluma sorrir.
Sozinho na escuridão
olho na cara da solidão
feito pluma sorrir.
Não há tempo de sofrer
regue o sonho até crescer
feito pluma sorrir.
Perdido na estrada
ou numa cadeira entrevada

feito pluma sorrir.

Peraltices Programadas

Naquilo que o mundo chia
eu invento poesia
Como o barbudo que arrota
quando acorda
arrebenta, pro lado mais
feliz da vida
Sem juizo o pato mia
no canto do olho, o encanto
em forma de pé de galinha
Como se fosse flor
com uma pitada de humor
a pesar dos olhares
finjo falso odor
e sensualizo por ai
passando por mais essa saia justa
mas do salto não hei de cair

Atino, Des

Só vou parar de escrever quando um mamilo na testa do ciclope aparecer.
E digo mais! Sabe quele ovo frito de olhar maroto? Fiz dele guardanapo na hora do arroto!
Mas o que importa mesmo são as centopéias, esmagadas todos os dias pelas rodas dos patins. Um absurdo!
E ainda dizem que Dali pra cá é longe. Não sabem que surreal é viajar de classe econômica, num Sol de -15 graus, do lado de uma Madame Bovary que só sabe assoviar chupando cana.
Pense bem, meu caro, já não bastam os avisos de "Pare" antes de cada metalinguagem, como podem os cínicos doutores descreverem voltas inteiras?
Estamos mesmo perdidos. E não há gps, gnv ou gvt que nos salve.
...só o ctrl+s

Vinte Tinha

São 20 dias de barulho
para cada um de trauma
São 20 dias de lágrimas
para cada um de tortura
São 20 dias de alívio
para cada um de culpa
São 20 dias de carinho
para cada um de fuga
São 20 dias de história
para cada um de desculpa
São 20 dias de alegria
para cada um de chuva
São 20 dias de animal
para cada um de pulga
São 20 longos dias de poesia
para cada um que sua a bunda.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Cheio de Maldade

Tão triste e vazio
que até o cinza lá fora
parece mais colorido
Poesia hoje
só amanhã
Amor tem
mas acabou

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Nem Pôs Isto, Visto

Nada do que antecede o grito tem fome de calar
Pelas veias o sinal de fogo se põe a arder intenso, frio trote cavalar em direção ao medo de quem vem lá.
Tomada de decisão é fundamental para adormecer o coração de mais uma longa navegada pela madrugada atormentada...
Outro espírito passou por aqui, mecheu na cortina e ficou na retina do assustado gato da Marina.
Evoca teu monge, o convença de que meditação boa é a praticada nos bares da cidade.
(Sinfonia de tsss das latinhas de cerveja deixam até peixe com sede, fala pra ele)
Sentimentos tropeçam entre si, tão bonitinhos
: )

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Esplodindo os Miolos de Pães Inocentes

Um formigamento por debaixo da unha.
Lembro da altura do teu olhar,
da tua postura ao me encarar...
Lá do alto saltavam executivos
pelos mesmos motivos
assassinos continuam a matar.
A lembrança se esvai
enquanto o suor escorre e cai
no chão duro que massageia meus joelhos.
É de novo meu algoz
olhar duro, sentimento atroz
Descuidado, barrigudo
não sou mais tão veloz
Tremedeira segue a dormencia
o corpo sente medo, paga penitência
de ter recuado quando ainda
era cedo demais...
Não há mais tempo
as freiras seguem pro convento
folhas voam ao sabor do vento
e o cano gelado na minha testa
corta a minha voz
Sua face é escura contra o Sol que a emoldura
engatilha o cão, meu momento de apreensão
o gatilho dispara o ponto final de mais um
sinto a bala entrar
e antes de atingir meu bulbo
sinto o cheiro do mar
e penso
naquela noite fria de confusão no bar
era lá que eu devia estar...

Calo

Morno mundo
e-mundo
o mudo
ou mudo-me?

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Douturas Ébrias

Metalinguagem por cima do trilhos de nailon que nos unem.
Jeito maroto de sabotar mal olhado com sabão e sal grosso.
Furtivos salames, quando astutos, fogem pelo basculante.
Quem ficou por último, o viaduto ou a ponte?
Levantamento aponta: sinais fechados ventão muito mais à noite.
Ganharia milhões, pois vagem sem caroço, rende mais frutos que engodos.
Suspeite sempre do telhado, pode não ser teto suficiente pra sua cabeça.
Garantiu o sustento dos brinquedos com uma pilha de momentos felizes.
Perdeu ilhas em diques de contenção, não havia necessidade de morrer naqueles instantes.
Concordemos na esquina seguinte, depois do hidrante te faço rir, antes de tropeçar não te avisei que ia cari, no próximo passo conversaremos sobre as pazes.
Xamego é bom e até porcos, chauvinistas, niilistas, assasinos e stalinistas fazem carinha de quem tá gostando demais.
Aqui fora costumava fazer menos frio, até que tesci casaco com uma 0.5, pensei positivo e vim.
Sempre paro pra pensar no que um ornitorrinco faria em meu lugar.
Levando em conta sua cota, mesmo sendo de malha, falta-lhe autivez suficiente para paparicar o sobrinho do seu patrão a contento.
Continue a chupar-lhe as bolas, você terá um futuro brilhante!
Como assim catarros não dão barato se até baratas voam?!
Sem motivos para arrepiar, sem gotas pra suar, sem vento pra soprar, sem bosta pra pisar, sem traseiro pra sentar, era melhor ter nascido mais alto.
Custou a acreditar na segunda trave daquele beijo roubado?
Farto-me de correntes de bar, todas são em prol do amanhã feliz de cada mundo embriagado em cima do balcão.
Ponte aerea do inferno até o chão, sem escalas ou lanchinho
Apenas travessuras...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Bolinha Pluft Bolinha

Copo vazio
água
Copo CHEIO
água
Cachorro sujo
água
Cachorro limpo
água
Sede
água
Saciada
água
Vasa
água
Escorre
água
Falta de
água
Seca
água
Mole
água
Pedra dura
água
Bate
água
Fura
água
Torneira aberta
água
Torneira pingando
água
Pelo ralo
água

Ignóbeis Nobrezas da Alma

Se seus olhos são tristes
o que vejo ao debruçar na janela de tua alma?
Toco-lhe a tez cerrada com meu mindinho
o mais tímido nos dígitos
e te faço carinho demorado
Deixa cair a lona e arma teu circo pra mim
Crio picadeiro suntuoso, arquibancadas intermináveis
trago espectadores importados "made in china"
Todos vão aplaudir teu espetáculo
do palhaço oriundo do teu escárnio
ao Anão Pretensão, o mais alto da tua estima
Teus olhos vigiam minha ironia
meus dedos te ignoram
e te expõem mundo a fora
agora, ao voltar pra tua casa
te levo presente
um óculos escuros
pra você enxergar bem o amor da gente!

Nadando naquele Gap

Tem uma hora pra tudo
inclusive a do almoço
que não é a mesma em todo lugar
e não tem comida na maioria
Tem um dia pra cada pessoa
e todo dia pra muitos ninguéns
Tem consumo pra todo lado
no camelô é mais barato
só é mais caro pra quem se dá bem
Tem trabalho de sobra
e infindáveis engarrafamentos
dinheiro que é bom, também é insificiente
Tem gente que se importa
e mesmo sem gostar de jiló
tenta desatar esse nó
que os outros fizeram
amarrando o cararço dos ricos
estrangulando a lingueta dos descalços
Tem doido pra tudo
escravizão gente
picham muro
escrevem bobagens
são poucos
e são muitos.

Ponto Final

Sento e espero
Logo o ônibus passa
Olho no papel e confiro o número
Tem dias que não vejo números tão bonitos
e todos juntos, uma beleza!
Passa uma senhora com sua neta
sorrio para as duas
mas é o gato da menina que sorri de volta
espero
Uma pomba aterrissa perto do moço ao meu lado
sem pestanejar ele a chuta pra longe
viro o rosto, dou de cara para um anúncio de shampoo
lindos e sedosos os cabelos da modelo
beleza é tudo nesses dias tão estranhos
Passa um carro tocando música alta
uma mulher com um bebê no colo tapa os pequenos ouvidos
a criança não espera e chora
mas eu, espero
Finalmente, é ele dobrando a esquina!
Levanto feliz, ele parece ser refrigerado
sou interrompido pela visão mais clara
não, não é esse o número
sento tristonho e volto a esperar
De súbito me assalta o sentimento
de como é triste esperar
tanto que algo bom aconteça
como que o tranporte certo apareça
não nascemos para esperar
eis o motivo das pernas
elas estão aqui em baixo pra nos levar
nos pôr em movimento
Parar é mais justo que esperar
parados, observamos
esperando, esperamos
e só
nada de verdade acontece
Desperto do devaneio e cá está ele
com seus lindos números me encarando
mas, refém da coerência
deixo a porta se fechar e que ele se vá
Levanto, dessa vez feliz com o motivo certo para seguir em frente
Um menininho cruza meu caminho e sorri pra mim
aparentemente sem motivo
logo percebo que o motivo é a vida
abrindo uma janela depois da porta que fechou.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Bobagens da Realeza

- Já olhei pela janela?
Essa foi a dúvida que tirou o sono do Rei
Essa é a astúcia que lhe faltava
Debruçar no para-peito
botar a mão no queixo
e assoviar pro amanhã
- Deixo desavisado todo o reino?
Protelou primeiro, perguntou depois
Sorriu de volta para o beija-flor lá fora
Quis voar também
- Avareza é fruto de menos sorrisos?
Ele tinha tudo menos isso
Essa roupa toda fez perder a hora
de abraçar o moço que limpa seu trono
Bobagens da realeza...
- Me sinto forte, mas me falta sorte!
Essa exclamação acalmou seu coração
e fez calçar suas (humildes) botas
- Vou sair pra ver o mar!

Sexta Semente

Sólido aquele ser só
Sofre são na solidão
Sábio sacrifício
Silêncio sepulcral
assovio seco
sofre censura sensual
Sucesso sem igual!
Subida saliente
sugere sorte
Sem sentido
cesso subitamente

Seria Serena Sereia

Me deixa desencantar
decantar os versos
desabrochar
na ponta do meu lápis
que não é rosa
é amarelo
e belo
não só por isso
seria omisso se me impedisse de falar
o quanto tem me ajudado
a tagarelar
pelas azuis
porém linhas
do carderno verde
Escrever como exercício
sem eira nem beira
nenhum precipício
ou perigo a espreita
Sou eu quem me rejeita
vez ou outra
só de brincadeira
Longe de mim ser a pessoa mais absorta
nos seus devaneios
Me desconcentro de mim facilmente
fica difícil de acompanhar
como impedir os passarinhos de voar
ou pedir ao Sol
[aqui do lado]
parar de iluminar
-me
dia e noite

Polinominal

Já fui melhor nisso
disso de perder o leme
no mar da carência
antes do Leblon
Navegar a vida
sem sentido, querer mais
menos tempero
desespero demais
(na pitada certa)
Descarrilou o trem do amor...
sou só, sou semente
da alma que se esvai
em terreno sem adubo
Tristonho segundo
me roubou a paz
me repito nesse som imundo
ecos do meu seio
escrevo sem sentido
regalias sem custeio
Tratamento covarde
de levar a vida na flauta
Sou tão pouco
me recolhi na poesia
aquela arte que os poucos que gostam
tem vergonha de assumir.

Circularidade Peculiar

Talento se mede pela
qualidade
numa razão de
pouco papelão
pra muita sacanagem
Inspiração vem mole
avaliação depressa
quando ninguém vê
é melhor
Escrevo pois fracasso
no trato entre
alma e mundo
nas letras me faço
covarde, sumo
Sou nada na terra
Rei no meu surto
Entre linhas
lugar maldito
me machuca, maltrata
Dor
lugar melhor não há

Números Fatigados

A primeira do segundo
Na terceira tentativa
Engato a quarta
nesse verso de quinta
Categoria de quem bebe na sexta
e perde o sábado tentando se redimir
Das decisões tomadas
das cantadas mal dadas
e das dores sentidas
Começo do zero
à esquerda

O Chiado do Chinelo

Água da chuva
do chão enxuga o seco
Encharca Chico e Pedro
Achada a trilha
enchergo o eixo
Enchido o peito
enxoto pra longe
a solidão, junto vai trovão
O chamado da chuva
e o cheiro do charco
deixam calmo
os ouvidos
e o chiqueiro cidade
muito menos chato.

Gorjeador

Feliz o homem que tira da certeza da cerveja gelada no findar da tarde a sua auróra.
Sente quente o coração e sorrir a alma.
Sua causa é nobre mesmo fora do horário,
muito trabalho é necessário para sentir-se menos operário.

Tártaros Fumegantes

Mais um fim de dia
Menos muitos finais felizes
Mais versos jogados no chão
Dramas insolúveis resolvidos
Mais filhos bastardos sem carinho
Na cama se acaba o tempo
é o prazo final das atitudes
auspiciosas ou mundanas
E o sono leva embora o esforço
e o valor da relevância
de cada passo dado
em cada esquina dos sonhos
Objetivos resumidos em agoras sucessivos
grandes movimentos
requerem esforço
tão monumental quanto
o da perna que leva a tartaruga
ao prato de comida
Eis aqui o fim de
mais um único
dia único
dia
seguinte

Umas e outras, auroras

Das incertezas do caminho
eu quero as pedras
Do findar da esperança
eu quero a fuligem
Do torpor de um amor
eu quero a lágrima
Da junção do sim e do não
eu quero a certeza
Da bifurcação na trilha
quero passar por cima
do muro que divide
da cerca que separa
do chão que sustenta
de tudo quando pára!