quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Caminhos Molhados

Gotas
de chuva
Sempre soube
caem de pé
e correm deitadas
mas...pra onde?
Acabo de descobrir
para baixo.
Gotas
suicídas
escorrem por ai
desenhando
caminhos molhados
pelos vidros
no toldo transparente
escorrem
manhosas
aos
poucos
melancolia de dia cinza
em fios
para baixo.
Caem
e se esvaem na piscina
seu oceano

Cantiga de Versar

Poetisa quem versa o inverso da pressa
com verso conversa, se expressa, não estressa.
Vou nessa! De poesia perversa e feliz a beça!

Dentre Dantas, Foi Dela


maré
que enche, povoa, sobe e se engrandece
diminui, se encolhe em menos volume, fragilidade potente
onda
vem e vai, sempre deixa aquele rastro, que logo se esvai
fala mansa, porém correta, arrebenta o mundo e volta serena
quebra 7 vezes; sussurro manso, conforto
mar
imenso, infinito contido em uma praia
se refugia em cada grão de areia, sem medo
se sabe enorme, se permite enseada, se expõe
acolhe, abriga e expulsa, engole, traz pra perto
transporta em si o mundo todo
sublime em cada ato, movimento constante
também fere, por querer e sem quereres
tem os que o julgam tolo, por ser tão vasto e azul
transborda sua grandeza por todas as terras
alguns terrenos o julgam intrometido, outros se preocupam
tem os que o protegem, tem os que o sujam
maior é o mar
Absoluto, impávido colosso
em forma de mulher
sou ilha
expectador privilegiado, parado, cercado
perplexo pelo privilégio de ser junto
no meio do teu peito, meu mundo
sumo imperceptível em seus braços d'água
volto a tempo de te ver iluminada pela aurora
sou feliz
no meu mar não tem porto seguro
seguro sou por que o mar é A mar

terça-feira, 27 de novembro de 2012

...pero non troppo


Acontece que as pessoas esqueceram como amar.
Olhares destreinados não vislumbram beleza
gestos carinhosos não mais surpreendem, espantam
causam medo
Desconfiados e temerosos, seguimos pelas sendas das trevas
Cortaram a luz do fim do túnel por falta de assiduidade!
Vagamos pelas vastas ruas sem esquinas dos nossos medos
lá não cruzamos com ninguém
Enquanto isso decidimos "cruzar" com qualquer um do lado de fora
Sem emoção, carinho efêmero, melhor, não-carinho intenso
Sem dia seguinte, sem expectativas, sem vida
Vida que segue...
mas que vida sem vida é essa?
A poesia me ensinou que Amor é Vida,
mas a poesia está morta...
e os poucos que velam seu corpo
estão cansados de venerar a morte
Penso nos poetas que se foram...
Penso em engrossar as fileiras
só pra ter com quem versar
versar um mundo gostoso, de brisa quente
de gente viva e colorida, contando boa nova pra quem passa
Bom dia!
Mas aqui não há espaço, há guerra diária
um genocídio de sentimentos
descrença no bem feitor, no carinho a priori
O amor está esvaindo-se por entre meus dedos trêmulos...
Com os olhos marejados observo uma criança sorrindo
queria guardar esse sorriso no bolso da camisa
bem perto do coração
para sacar, apontar e disparar
alvejar todos esses assassinos que me cercam nas ruas
que me beijam a boca, que falam por mim, que não mais sentem
assassinos frios dos momentos sublimes, covardes que se calam
diante do inesperado gesto de ternura
cada vez menos frequente, e alegre, e espontâneo
Desculpem-me os meus pelas lúgubres linhas
Desculpem-me os seus pelos respingos das lágrimas
Sigo eu pelo caminho das pedras de cada dia
me inflando em amor escasso, e esvaziando em versos
O que será de mim sem todos nós?
O que será deles atados a tantos nós?
O último a sair que ligue a luz...

Saturação por meios ilusórios satisfazendo o pobre ócio...

A folha
em branco
- Desafio -
Pautada
margem de rio
Palavras
águas agitadas
Correnteza
as letras
Retidas em diques
páginas
Futuros livros
Piscinas de clube
Me enche com teu caderno
Mar virando Mangue
[penso meus escritos]
fluxo do meu sangue...

Ramalhete Oculto por Fora

Me foge o senso
para exprimir o tento
troca-se fala por tara
O diálogo flui naturalmente
seja escrevendo ou desenhando
o silêncio, por engano
ela séria, eu gritando
pelo papel, entrelinhas
me reviro, ela pinta
meus instrumentos me maltratando
e ela, com os dela, conversando.
Sua madura calma
me sacode como o vento
mais uma fruta doce
cai do meu pé...

Calada Flamejante

Impressões mastigadas, agora, tolices
Dominado pelo verde azulado de sua grandeza
Pega-pega, me pega dali
me pega de lá
Cuidado pra ninguém notar
Jogo o jogo com cautela trêmula
Antes, carro potente só no videogame
Piloto? Piloto!
Finjo que guio, faço o que posso
Tipo isso, ato, ofício, substrato
fuga e esconderijo.
Refém sou é das linhas
que me liberam as palavras
e saram minhas feridas.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

...after nothing's eve


I am a writer
that nobody knows
having a paper as my only host
Moaning deep whispers
like a mad ghost
Through this invisible pen
I can't hold
I seek for an intangible measure
where the metter is most
Now keep your eyes closed!
and behold
the lines becoming old
the jokers starting to fold
the silly walk of Hope
at the end of the world.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Sinalização Triângulada

Ensaio sobre a poesia em 3 atos:

- Dias virão suplantar o monstro, uma ou duas vezes, perdido entre linhas, dourado de ferrugem. Mandinga minha, atitude sua.

- Tens verbos simples nos lábios.
Mantém distância de meu hálito.
Mal hábito de ser mito.
Derrubo paredes e solto raios.

- Do outro lado, 
espaço. 
Na outra vida, 
o vício. 
Do lado de cá, 
o escracho.

Carta de Amor

Esquece o amor romântico
que a dor passa.
Essa dor é invenção,
é você e mais nada.
Impossivel é deixar de seguir
de achar outros caminhos para o sentimento.
Isso que você chama de tristeza
na verdade é energia.
Sua energia!
Você gasta como quiser.
Vais mesmo optar pelo sofrimento?
Dá uma volta sozinha pelo quarteirão,
toma uma coca, pede um sorvete
e não esquece o violão.
Sei da dificuldade de te fazer entender
esse esclarecimento que me veio tarde.
Também sei da tua dificuldade de assimilar o conselho,
talvez por precisar de mais um pouco de estrada,
mas tenho certeza que vais assimilar
um dia, quem sabe, talvez
Então fica a dica
de pensar outra vez
A rede social potencializa a solidão
se expor só trará mais dor
"o que eu tenho a perder?"
você me perguntou
te devolvo com
"o que tá deixando de ganhar?"
Há um lindo caminho à frete com muitos amores,
além dos que já estão e seguirão por esse caminho ao seu lado.
Esquece o amor romântico!
Se concentra em só amar,
intransitivamente, pluralmente, descaradamente...
Amor não se trata de pessoas.
o Amor é, o Amor está, o Amor será
Quando entender que ninguém desperta nosso amor,
e que para amar não devemos devotar
teu peito vai explodir
e o conselho dessas linhas
vão se banalizar...

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Fémme


Mulheres todas
vocês são lindas
de qualquer jeito
Principalmente quando
estão de sandálias
e eu posso ver seus pézinhos
lindos pisando o chão
que devolve força
pra contrair as coxas
e dar curvas as panturrilhas
as minhas favoritas
como o jeito de torcer o pescoço
e deixar o queixo por cima do ombro
e dando aquele sorriso doce
o cabelo escorrendo suave
nas feições de gozo ou felicidade
Como andam de salto
jogando o quadril pro lado
ou como são meninas
por traz de olhares sedutores
querendo nos mastigar
Vocês são meu ão
meu dia e minha oração
sem sujeito, mundo perfeito
seria só de vocês feito!

terça-feira, 6 de novembro de 2012

TrovaTrovãoCalaMeuBocão


Sabe que importa quando entorta a porta do assédio inteiro?
Sobrepuja a candura oculta no gracejo.
Torna imunda outra forma de inventar.
Pormenoriza contundência, cria ritos e mitos. Gritos!
Ofício de preencher orifícios de bichos onívoros.
Qualidades expostas em um pé só!
Turbililhonésimos segundinhos de sagaz excitação...
[arrochando os dedos dos pés)
Ontem, calado na calada, calcado, cabeça baixa
Hoje calmo, comigo, canto carinho no caminho comprido quase cumprido
Estrelas caem ao som do estampido
Gostaríamos, sempre combalidos, mudar de hino
bons meninos, bons santolinos
lixo no carro, mato no gato, falante, não paro
megafone na mão, gritando em alto e bem são
Calem-me, se não eu irrito!

Puta Madre!


Poesia é prostituta
povoa sonhos
mela pensamentos
seduz os dedos
é cheia de curvas
gostosas de ler
vem pro mundo só sua
só vive se for de todo Mundo

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O Impossível não é Anfitrião, é Hóspede!


Posso querer mais?
Posso querer sempre?
ou ai já é demais?!
Pode me dar
mas
mais ou menos
Por isso peço
Já tive um pouco
e sem pedir
Será que sei pedir
ou não preciso?
Mais, quero mais!
Posso dizer que sei pedir(?!)
juntei palavras, pretensioso poema
que não tinha rima como renda
e no fim ainda te fiz sorrir.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Barão de Motocicleta

Sentimento de solidão gera pequena angústia que se mistura à preguiça de movimento, à insegurança da virtualidade, alguma revolta pela condição psíquica atual, o tempo fechado lá fora, o dia gasto até o momento com absolutamente nada, e vira esse textinho fuleiro, isca covarde pra capturar olhos desavisados, divulgador dessa minha esfera, desse mundinho que está ao meu redor nos segundos em que teclo essa sequencia aleatória de vogais e consoantes, a troco de nada, devaneios e muitas palavras entre o sentimento do início e o ponto final.

Torpe do...


...das vezes que sobram, menos armadilhas...
...dos movimentos enraizados, mordaças perversas. Minuta perfeita dos motivos que movem artifícios...
...imagem, nome completo, reticências inodoras, há alguns minutos, perto de alguém, em algum lugar e uma súplica por carinho.