sexta-feira, 25 de outubro de 2013

riODEjaneiro

Eu não quero ir pra Paris!
Não sou deputado ou imperatriz
que precisam se afirmar.
Sou do Rio de Janeiro!
Terra de sol, rua e pandeiro
de amor na Lapa e no terreiro
de sentir no quadril o fogareiro
que um tambor pode provocar.
Eu não quero ir pra Paris, seu dotô!
gosto mermo é duma farra
de cerveja bem gelada
sentado na beira da praia
isso o sinhô não acha lá.
Eu nunca fui pra Paris
mas sei que faz frio de matar,
a língua é meio estranha
faz até biquinho pra falar.
E isso, seu moço, não costumo desperdiçar,
à minha preta pode perguntar,
quando eu faço meu biquinho
eu sei muito bem usar
no calor do chameguinho
faço a coisa esquentar
e ela me arranha feito onça
muito louca pra beijar!
Eu não quero ir pra Paris!
Aquela torre cheia de luz
não me faz lacrimejar
como a bomba da PM
ou na hora do Império desfilar!
Eu não quero ir pra Paris!
O carnaval já vai brotar
peço pra que pare insistir
que tire a mão de mim
e deixa eu vacilar!

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Bailarinos de Fogo e Rua

Se encontraram
esses corpos
de longe se olharam
e dançaram juntos
no ar
o dela rodava
o dele pirava
eriçado, ficou sem saber
o que fazer(?)
já sabia
bastava re-conhecer
Faceira menina
pensa que manobra
seu corpo labareda
O dele
bicho criado solto
sacou de primeira
estava ali na sua frente
a sua porta bandeira
Venceram exu em encruzilhada
que teimou em atrapalhar
um encontro milenar
de voltar a acontecer
O primeiro toque
fez amanhecer
a certeza
uma unidade jamais experimentada
um reflexo tão forte
da essência de um corpo
no outro espelhada
Em tempos de prisões
opressões programadas
esses livres corpos
ousaram se amalgamar
e reafirmar a liberdade
que também com o corpo
se deve partilhar
Divina comédia da vida regrada
quem vive pelo chão da rua
pelo brilho da lua
e se encanta pelo desconhecido da estrada
ontem sentiu de longe uma festança
dada pelo encontro implacável
de duas almas ciganas
e dois corpos movidos a dança
que da vida não esperam
além de tudo
mais nada.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Fezes menos quem cheira bem...

Jeitinho meigo de fazer crescer pelos nos cotovelos de cotovias tristes.
Morreu deixando as narinas abertas, respirando novas cores, sabores, gazes e amores, assim que avistou no horizonte a fonte de todos os seus dessabores.
Não tinha mais dúvidas, contou com sua astúcia e correu pra onde era mais longe.
Em outro plano, desgastado e vestindo só um pano, surrado, deu três pulos pro lado errado e se fodeu. Como se não bastasse toda a correria, corrigiu a pontaria, viu o povo em romaria e disse assim:
"Manda parar com essa palhaçada sem tino, cessem os tiros, mordam seus lábios e olhem pro vaso. Lá, estático e boiando estará seu futuro te olhando. Limpem suas bundas corretamente e sejam felizes!"

Foguinho

uma vontade boa de te fazer um cafuné
bateu em minha porta
e eu
a
bri
senhoras e senhores
o coração
pula de um pé só
dá uma rodadinha
e vai
feliz
pra rua!

Key que é isso?

Esqueço as chaves de casa
fico na rua
sem rumo, sem lua
apenas com os trapos de bunda
Escolhido o caminho
eu sou de mansinho
perdido nesse mundo
movido a protestos e tumultos
da minha cabeça
um sussurro
tô sozinho não
tem mais gente sem túmulo
Vamos nos encontrar no bar?
Deixar a hora passar
o vento cortar a carne de quem não se cobre
com panos finos ou esperanças mortas
Viajo, me engajo, bêbado a essa hora
um abraço pros descamisados
um tapa na cara dos amarrados
vou sem tempo colher rosas
ah!
um beijo no ombro pras invejosas
(de ambos os sexos, horrorosas!)

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Aumente Calmamente

Como se faz para amansar uma calma alma?
Destroçar seus sonhos
Abalar seus alicerces
Digerir seu útero
Duvidar de mansinho nesse sonho acordado
Movimentos e mais horas
Os corpos calados sopram suas asas embora
Nada passa de uma encenação
Personagens vivos em folhas mortas de um livro
lutam pelo direito de horrorizar
Calma alma
Cálido será seu prazer no movimento
dos quadris vulgares, fábricas de mocinhos e bandidos
e túmulo da Arte!
Não faça sua as palavras minhas
seja tua língua, feroz, e lamba tudo
da base até a cabeça
Cuspa saliva ácida, tua poesia
Mate esses sorrateiros seres, ricos coitados
Deturpe a realidade virtual, gente de carne e osso
Meus filhos, meus perjúrios
Palavras silenciosas de calmas almas
calamidade iminente em forma de inércia asfixiante
a alma deve mentir...