quarta-feira, 20 de junho de 2012

Topa Tudo Pôr Centeio


Só gosto de gente corrida
com pouca valia
que me faz gargalhar
Mais legal do que carnaval
seguro no meu astral
e firme, vou dançar
Bailam os desavisados
tristes com descaso
tudo há de acabar
Labuta movida a bebida
motivando mais maravilhas
a sexta vem e inebria
na surdina puxa pelo calcanhar.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Lôdo Fungo Scópico

A melhor parte de não existir
é pensar em branco
e passar batido
sem sofrer nenhum arranhão.
Comigo é diferente
eu existo bem menos que isso
não faz a menor diferença
o que penso ou o que sinto
sou marginal
sou explosão por angústia
eis-me aqui
poetizando em troca
do tostão do teu olhar.

Boneca Russa

Lá vai aquela menina
Baton vermelho
Cabelo escovado
Um vestido de fino trato
Deslumbrante
Por um instante
Preferia quando
Andava de chinelo de dedo
Pelas pequenas coisas
Tinha zêlo
Pouca altura de nariz
Eu sabia que ela era feliz!

Pesar do Tempo

O que você quer saber,
quem sou,
ou pra onde vou?
Talvez
saberei dizer
parcas porcas palavras
deslocadas de sentido e
sensatez?!
Teu pedido é perdido
nas águas nobres
que induzem pensamentos
nem convencionais
nem pertinentes.

Deliciosa Anestesia

Esse sou eu
quase indo lá
Ainda no Jardim Botânico
ela me assalta
as memórias, aos olhos
reflete na janela do coletivo
minha imaginação vidrada
começa a flutuar
por segundo eternos
que me fazem atravessar os bairros seguintes
olhando seu portão
o dia é frio
minhas mãos se escondem
elas seguram a vergonha que não imagino ter
seu rosto brilha na noite
ela vem ao meu encontro me servindo um abraço apertado
sei que está feliz com a surpresa
minha timidez provocando sorriso
ali, no cantinho da boca
arrepios me vem como lenhas para a fornalha da fantasia
curto, sucinto, boa escolha de palavras
gestos minimizados, expressão severa
de quem fala para milhares
nem reconheço esse eu de mim
termino e não peço resposta
justificativa que encontro para abrir o parêntese emocional
na nossa intença relação
projeto o infinito
e firme digo isso pra ela
no vão central eu dou tchau e viro as costas
suspiro alto no ônibus
sinto sua mão no meu ombro
ela me olha como quem lê um livro bom
sorri pra mim
ah, ela vai sorrir pra mim!
me abraça
e me beija
e me deixa
tentar mostra-la
que posso fazê-la feliz
meu ponto chega
faço sinal
desço e vou pra casa
Esse fui eu
quase indo lá

Uma Clássico em 3 atos...falhos

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Ser poeta é pretender
ter a pretenção
de nunca ser pretencioso.

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Ser poeta é ter a falsa pretenção
de pretender
não ser pretencioso.

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Ser poeta é conviver com a pretenção
de sempre pretender
não parecer pretencioso.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Mixologia Aliventar

Deixado de lado
ele foi
embora
soluços entre soluções
resignação ignorada
levanta o peito
a alma rasgada
maltrapilho e esquecido
não há mais nada
sobraram sacos de motivos
de todos os tipos
grande serventia
se usados
talvez vendidos
ele prospera na madrugada
rasteja junto a larvas
recolhe cada gota de chuva
em seu cantil
há de vingar
tal líquido hostil?!
voa com o vento
traz de volta o manto da noite
divagando entre muros e bueiros
o cheiro de orvalho
enamora
embriaguez de felicidade
ele agora chora
tem tudo ao seu redor
e uma vida incrível lá fora
segue em frente
outrora orgulhoso guerreiro
hoje basta ser humano
tranquilo
com zelo prova
e sorridente identifica
a vida tem sabor de amor[a