quinta-feira, 14 de junho de 2012

Deliciosa Anestesia

Esse sou eu
quase indo lá
Ainda no Jardim Botânico
ela me assalta
as memórias, aos olhos
reflete na janela do coletivo
minha imaginação vidrada
começa a flutuar
por segundo eternos
que me fazem atravessar os bairros seguintes
olhando seu portão
o dia é frio
minhas mãos se escondem
elas seguram a vergonha que não imagino ter
seu rosto brilha na noite
ela vem ao meu encontro me servindo um abraço apertado
sei que está feliz com a surpresa
minha timidez provocando sorriso
ali, no cantinho da boca
arrepios me vem como lenhas para a fornalha da fantasia
curto, sucinto, boa escolha de palavras
gestos minimizados, expressão severa
de quem fala para milhares
nem reconheço esse eu de mim
termino e não peço resposta
justificativa que encontro para abrir o parêntese emocional
na nossa intença relação
projeto o infinito
e firme digo isso pra ela
no vão central eu dou tchau e viro as costas
suspiro alto no ônibus
sinto sua mão no meu ombro
ela me olha como quem lê um livro bom
sorri pra mim
ah, ela vai sorrir pra mim!
me abraça
e me beija
e me deixa
tentar mostra-la
que posso fazê-la feliz
meu ponto chega
faço sinal
desço e vou pra casa
Esse fui eu
quase indo lá

Nenhum comentário:

Postar um comentário