segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Ponto Final

Sento e espero
Logo o ônibus passa
Olho no papel e confiro o número
Tem dias que não vejo números tão bonitos
e todos juntos, uma beleza!
Passa uma senhora com sua neta
sorrio para as duas
mas é o gato da menina que sorri de volta
espero
Uma pomba aterrissa perto do moço ao meu lado
sem pestanejar ele a chuta pra longe
viro o rosto, dou de cara para um anúncio de shampoo
lindos e sedosos os cabelos da modelo
beleza é tudo nesses dias tão estranhos
Passa um carro tocando música alta
uma mulher com um bebê no colo tapa os pequenos ouvidos
a criança não espera e chora
mas eu, espero
Finalmente, é ele dobrando a esquina!
Levanto feliz, ele parece ser refrigerado
sou interrompido pela visão mais clara
não, não é esse o número
sento tristonho e volto a esperar
De súbito me assalta o sentimento
de como é triste esperar
tanto que algo bom aconteça
como que o tranporte certo apareça
não nascemos para esperar
eis o motivo das pernas
elas estão aqui em baixo pra nos levar
nos pôr em movimento
Parar é mais justo que esperar
parados, observamos
esperando, esperamos
e só
nada de verdade acontece
Desperto do devaneio e cá está ele
com seus lindos números me encarando
mas, refém da coerência
deixo a porta se fechar e que ele se vá
Levanto, dessa vez feliz com o motivo certo para seguir em frente
Um menininho cruza meu caminho e sorri pra mim
aparentemente sem motivo
logo percebo que o motivo é a vida
abrindo uma janela depois da porta que fechou.

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