segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Batei-me, Saudosas Botas!

Foi assoviando uma doce melodia
à luz do Sol de meio dia
que ele se deu conta
"essa onda, foi daquela ponta"
Já tinha decidido parar
a ficar sem tragar
a erva colorida por um tempo
isso foi no fim de novembro
Andava meio triste
não tolerava nem um chiste
diziam que foi culpa dela
('ele é do tipo que amarela')
Recusava-se a admitir
também não sabia mentir
preferiu se recolher em casa
e parar um pouco com a fumaça
Queria mesmo era queimar a mufa
fazer da cabeça uma estufa
para dar vazão a grandes ideias
(em vez de pensar naquela mocreia)
Não demorou e um filho nasceu
um projeto lindo como um doce camafeu
e ele enfim foi feliz
(e acabou esquecendo aquela tal de Liz)
Saiu de casa sorridente
amigos o esperavam bebendo fortemente
e fizeram festa quando ele chegou no bar
era hora de se embriagar!
Comemorou todos aqueles dias de reclusão
virando uma tequila sem a menor noção
mas antes de ficar na mão do palhaço
com dois dos seus, retirou-se do espaço
não iam demorar nadinha
Pedro tinha só uma pontinha
seria rápido de matar
foi o suficiente pra sufocar
a garganta desacostumou
"acho que depois dessa eu me vou"
despediu-se ao findar da ponta
mas deixou dez conto pra ajudar na conta
Na luz vermelha a avenida atravessou
mas teve um ford que não parou
Foi tudo tão rápido e forte
que ele só teve a sorte
de lembrar dessa história
e foi sua única memória
antes do fim
mesmo assim
deu tempo de sentir saudade
o que, aquela altura, parecia maldade
que viesse colar na sua retina
o sorriso daquela menina
a qual ele jurou não querer ver nem amar
e justo ela seria a única estrela no céu do seu último olhar.

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