domingo, 3 de novembro de 2013

Nota de Rodar os Pés

Tradução simultânea, cordas, piano e dança.
Movimento de esperança, melancolia em dor menor.
Dedos acariciam lembranças de amores perdidos
todos correm para se salvar das desventuras impossíveis de evitar.
O teto das certezas desmorona na cabeça das notas.
Volta à dor, sente a alegria de estar só cercado de bom humor.
Os dentes do piano ajudam a falar sorrindo, travando a língua de vacilar
na hora do beijo o importante é se declarar, lambuzar
na boca infiltrar todo o sentimento, oitavado ou suspendido.
Transbordar o desejo quente, lamber como se fosse morder
Morder como se fosse chupar, sugar, amalgamar.
Rufem os oboés da carne! Transcendência espiritual pronta para voo alçar!
Reparo na corda que me sai da cabeça, ela tem som de saudade.
O tempo passa rápido, meu rapaz, não tente a ele se atar.
#
Uma ogiva nuclear explode em mim toda vez que me vejo Amar.
Sou sem medo, sou um bobo toureiro
Vago meu corpo vago de recheio
procurando adubo pro meu campo de centeio,
dobro esquinas em origamis fuleiros
e entrego aos meus encontros como manual fosse
de ensinar quanto é doce o receio
de perdê-los a cada hora do recreio.
o Tempo é curto e Amar é imperativo!
Até amanhã ouviremos um suspiro no silêncio
de um momento de inspiração carente de talento
(purificado devaneio transformando em alento)
Tranco o instante à sete chaves
mas deixo frouxo pra fuga
gosto de ver escorrer do rosto as rugas
Ao som de tango à luz da Lua, penso
seria melhor voltar pra rua
e provocar minha alma outra vez?
Deixe que os espíritos se divirtam
enquanto eu me engano com meias verdades.
Contando as favas e as histórias
de um cara que sonha em ser feliz
mas ao final de todo dia
acaba se tornando uma lorota.

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